14 de dezembro de 2012

Grampos aparentes: pode usar, as famosas também usam


A homepage da Vogue Brasil traz uma materinha muito bacana sobre o uso de grampos aparentes em penteados de festas. Segundo o título, o prendedorzinho de metal virou o "acessório da vez". Mas, por que você deve apostar nesses grampos aparentes? A ideia não é sempre fazer com que eles sumam?
Fotos: Reprodução/Getty Imagens
Para a Vogue, a razão é simples: os grampos aparentes apareceram (lógico) nas passarelas e nas cabeças das famosas. A nota do site (link lá embaixo) fundamenta o uso do acessório, mencionando marcas e estilistas como Michael Kors, Sonia Rykiel, Cacharel e Chanel, além de famosas como Emma Stone (foto acima), Diane Kruger, Hailee Steinfeld e — talvez a inspiração número um da maioria das revistas de moda — Kate Middleton.

E por quê a Vogue faz isso? Criadores, marcas e celebridades movimentam o mundo da moda. Desde Charles Worth, os estilistas adquiriram um status de artistas soberanos, cuja vontade deve ser, pelo menos, respeitada, já que suas criações transcendem a mera fabricação de produtos. São mestres, magos das formas, portanto, qualquer intervenção de um criador deve ser considerada. Se eles colocam em suas passarelas modelos usando os grampos aparentes é porque chegou a hora de olhar os grampos também como adornos.

Grifes são etiquetas que carregam consigo significados, espaços sociais, dimensões hierárquicas, estilos de vida, benefícios simbólicos, identidade, legitimidade. Paul Poiret, quando resolveu expandir a atuação de sua casa, a fim de concorrer com o mercado americano, estava, na verdade, criando um novo sistema para a moda, em que a marca ganha o poder de promover experiências fortes e excepcionais, como diria Elyette Roux, em O Luxo Eterno. Quando você se identifica com uma marca, ela tem uma legitimidade tal capaz de fazer você andar por aí com grampos aparentes na cabeça. E mais: achar (e até ficar) muito legal!

Celebridades são seres que geram projeção e identificação desde os anos de 1910, no cinema. São capazes de vender qualquer coisa, como diria Morin. Se uma celebridade verdadeiramente influente pisar em um tapete vermelho usando um grampinho aparente, há grande chance de ser ali consolidada uma tendência.

É isso que a Vogue tenta, aliás. Mostrar o que vai ser moda — tendência — antes de ser moda. Inclusive, na página de assinaturas do site, o título de um breve texto é "Antes de estar na moda, está na Vogue". Para isso, a revista usa três dos principais atores da moda: criadores, marcas e celebridades. Mas não é só na questão dos grampos: toda promessa de tendência pode ser alvo dessa fórmula! E lá vamos nós sermos convencidos de que o grampo aparente é o acessório de cabelo da vez! Tomara que pegue! Eu gosto.

Link relacionado
Na Vogue: Grampos aparentes viram acessório da vez para penteados de festa
Na Vogue: Antes de estar na moda, está na Vogue

9 de dezembro de 2012

Estilo e Azul-Klein: moda e arte interagindo


Hoje, o Facebook da revista Estilo me surpreendeu com uma imagem (abaixo) acompanhada de um link que dizia o seguinte em sua chamada: Azul-Klein segue com fôlego total no verão.
Imagem: Reprodução
A montagem de fotos chamou minha atenção graças ao uso do nome da cor: Azul-Klein — denominação patenteada pelo artista francês Yves Klein, que fez de tal cor a grande marca registrada de sua obra, a partir do final da década de 1950.
Imagem: Antropometrias da Época Azul/Yves Klein
A menção, indireta na chamada, mas direta no bigode da galeria de imagens editada pelo site da revista, a Yves Klein — mesmo em uma revista que tem como principal característica a moda das celebridades e um público feminino nem tão especializado — mostra como arte e moda podem travar uma conversa.

Renascimento, Barroco, Rococó... As conexões (e colaborações) entre Salvador Dalí e Schiaparelli, o Manifesto Futurista da Roupa Masculina de Giacomo Balla... Balenciaga revivendo, inúmeras vezes, a pintura renascentista, Saint-Laurent e seu imortal tubinho com abstração geométrica, inspirado em Mondrian.

Esses poucos exemplos são capazes de mostrar que a arte inspira a moda e é, portanto, absolutamente necessário que, aquele que quiser conhecer um pouco mais do universo fashion, tenha o mínimo de curiosidade pelas manifestações artísticas. A Estilo, ao evocar o Azul-Klein, não o faz unicamente porque a cor é patenteada. Com plena certeza, a revista tenta chamar suas leitoras a aprender um pouco mais sobre o universo das artes e suas conexões com a moda.

Muito boa a intenção da revista! Estão de parabéns!

E para não deixar sua marca de praticidade. O site da revista traz os motivos "Por que amamos" e as dicas de "Como usar" a cor! O link está aí embaixo! Enjoy!

Link relacionado
Na Estilo: Azul-klein

1 de dezembro de 2012

A cintura polêmica de Thairine Garcia na capa da Elle de dezembro


Estou de volta com o blog! Dei uma parada por uns bons meses porque estive em campanha política e as coisas ficaram apertadas. Até colocar tudo no lugar, só agora é que estou voltando com as atividades por aqui.

Foi só a Elle Brasil publicar a capa da sua edição de dezembro no Facebook para os haters aparecerem, detonando a (falsa/ideia de) cintura da modelo Thairine Garcia. Disseram que foi photoshop, que a cintura dela sumiu, que houve problema no retoque, chamaram de exagero.
Imagem: Reprodução / Foto: Bob Wolfenson
Mas o lance não é bem assim. Thairine foi fotografada por Bob Wolfenson, usando vestido preto e branco Lanvin, com direção e coordenação de moda por Susana Barbosa e Rita Lazzarotti, respectivamente. O styling da produção — a forma como a roupa foi vestida na modelo — criou uma curva, dando a impressão de uma cintura ultrafina. Na Vogue Brasil de setembro, Carol Trentini usou o mesmo vestido (foto abaixo), com os babados brancos posicionados nas laterais e, nessa imagem, é possível ver — claramente — que existe uma parte preta na roupa.
Foto: Fábio Bartelt
Um camarada e eu fomos ao Facebook defender a publicação, contando a história de o vestido ser preto e branco e ter dado essa impressão, já que a sombra da modelo no fundo fez a parte escura da roupa quase sumir. Então, um hater veio dizendo que a Elle cometeu um erro de direção de fotografia. Aí vem a análise do conjunto da capa para mostrar que tudo foi proposital.

A chamada em destaque é em inglês e diz Be a star (Seja uma estrela). Só isso, já nos dá alguns subsídios. Segundo Morin, as primeiras celebridades, que ele chama de estrelas, aparecem nos cinemas americano e europeu entre 1913 e 1919. Nos anos de 1930 e 1940, o cinema vai conhecer sua Era de Ouro e nos anos 1950, os musicais hollywoodianos chegariam a seus ápices.

É inegável que a imagem da capa tem inspiração na figura icônica de Marilyn Monroe, estrela do cinema dos anos de 1950 e símbolo sexual da época. A década de 1950 é marcada pela volta do glamour e da sofisticação. É o período dos "anos dourados" da alta-costura. O New Look de Dior, criado em 1947, vai acabar por definir a estética da década de 1950: cintura de vespa e saias rodadas. A ilusão criada pela foto da capa da Elle de dezembro é inteligentíssima ao mostrar curvas impossivelmente sinuosas, quando, em 1950, a ilusão da cintura cada vez mais fina era também conseguida por meio das saias mais rodadas. A capa conversa com a figura de Marilyn, com a estética forjada dos anos 1950 e, sua foto, reforça o convite da chamada principal: Be a star (linda e sexy como foi Marilyn).

Uma coisa divertida é que, como um pedido de desculpas pela falsa silhueta ultra feminina e sexy da modelo Thairine Garcia, a capa traz uma chamadinha fantástica para uma matéria com Miuccia Prada em que publica-se a seguinte afirmação, entre aspas: "Uma mulher é ou não é sensual. Um vestido não traz amor a ninguém." E aí eu traduzo: Thairine (ou você, leitora) não precisa do artifício do vestido. Se ela (você) for de fato uma mulher sensual, não é o vestido que lhe trará o amor. Uma capa linda, que já vem com resposta aos haters. Gostei demais!

Links relacionados
Do Facebook da Elle: Timeline photo
Da Elle: Thairine Garcia é a estrela da edição de dezembro da Elle Brasil