31 de março de 2013

Como nos 90's: Logos gigantes nas roupas são mania (de novo)


Há pouco tempo, escrevi por aqui que os anos 1990 estavam de volta! É parece que estão mesmo! Se você nasceu entre 1975 e 1985 deve lembrar que, na sua adolescência e juventude, eram febre moletons e jaquetas como esta abaixo. Um baita Hard Rock Cafe bordado para todo mundo ver quem era quem no ensino médio — Científico, pra mim. Até as cópias falsificadas eram caras! Aliás, os anos 1990 foram marcados pelas falsificações, já que as marcas eram tão expostas.
Foto: Reprodução
Pois bem... Estamos prontos para reviver aqueles momentos. A Harper's Bazaar publicou uma nota em seu site, mostrando que o bacana agora é carregar aqueles nomes gigantescos de grifes estampados nas roupas. As fashionistas (novos nomes para as fashion victims) estão enlouquecidas mostrando seus moletons Kenzo, Céline e todas as outras... Sinais de uma época que está voltando!
Foto: Reprodução
Qual era a verdadeira razão de se usar marcas tão bem estampadas e visíveis assim nos anos 1990? O motivo era mostrar mesmo que "eu uso um moleton dessa marca, pois pertenço ao grupo de pessoas que podem fazer isso". Mas por que tanta necessidade de diferenciação social? Aí, eu levanto dois possíveis motivos:

1) Nos anos 1950, você se diferenciava por ser rico e pomposo; nos anos 1960, você se diferenciava por ser jovem; nos anos 1970, você se diferenciava por ser unissex; nos anos 1980, você se diferenciava porque era parte de uma tribo... Mas nos anos 1990, essas tribos começaram a se misturar demais e as influências se cruzavam... Não bastava ser de uma tribo para ser diferente. A diferenciação tinha que voltar a vir pelo fator financeiro e, como a pompa não era nada confortável, a solução era dar status às peças da linha casual (kéjuól! hehe), com aqueles grandes símbolos e letras dizendo: sou casual, mas posso mais do que você!

2) O muro de Berlim cai em 1989! É hora de experimentar uma nova vida, compartilhar um novo mundo em que o capitalismo venceu! Então, vamos às compras e vamos mostrar para todo mundo o que compramos! Mais: o mundo agora é globalizado! Vamos usar o que vem de fora [até porque há uma enorme leva de produtos nacionais querendo se estabelecer no Brasil, mas chique mesmo é ter coisas importadas!!!]! E lá vieram as falsificações para tentar nivelar todo mundo naquele mesmo embate que fez nascer o conceito de moda: quem tem mais faz primeiro, quem tem menos copia depois!

Então, qual seria a razão para, agora, voltarmos a estampar as marcas? Vale a pena competir com a fabricação de cópias perfeitas feitas pelos chineses? Estamos só reproduzindo os anos 1990, sem acrescentar mais nada? Ou a moda é que está sendo vítima das blogueiras (as tais fashionistas) que precisam de fato dizer quem são para lucrar mais e mais? Vale a pena (o preço!!!) carregar um grande outdoor e pagar caro por isso? É essa a moda que queremos? Se for, tudo bem!

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Na Bazaar: A volta da logo mania

27 de março de 2013

Para além da fofura das bonecas fashionistas


O portal de moda da Abril — ModaSpot — publicou uma nota com um detalhe da exposição da Dior na Harrods. A notícia fala de miniaturas de vestidos icônicos da grife, que estão expostas junto a vestidos em tamanho real, vídeos, bolsas e perfumes da grife. As miniaturas, segundo a nota do ModaSpot, são "reproduções de peças icônicas da maison, que vão da época do New Look até as recentes criações de Raf Simons".
Fotos: Reprodução
De fato, uma gracinha! Mas senti falta de ser abordado um assunto que seria bem interessante de ser tratado para aprofundar no tema das bonecas e enriquecer o conhecimento de moda das leitoras. Miniaturas de roupas vestidas em bonecas foram muito mais úteis do que se imagina. Antes do advento da imprensa, era o transporte de bonecas que garantia que as novidades de Paris alcançassem outros lugares.

Segundo Daniel Roche, as bonecas eram feitas de cera, madeira ou porcelana e viraram peças de coleção entre as "fashionistas" da época — entenda como "época" algo antes do século XVII e por "fashionistas" as granfinas de fora e de dentro de Paris. Como as roupas eram feitas de tecido mesmo, pouca coisa ou quase nada sobrou para ser visto ainda hoje. É preciso entender também que, como a moda sempre foi mutável, é possível que as mesmas bonecas fossem usadas nas trocas de coleção e os minivestidos descartados. Uma verdadeira pena...

Com a chegada da imprensa e da difusão mais facilitada de informações e ilustrações de moda nas revistas e, posteriormente, do uso da fotografia, as bonecas pararam de circular.

Viu como dá pra tirar um pouco mais de conhecimento de uma notinha despretensiosa do ModaSpot? O pensamento deve ser sempre este: refletir para além do que está escrito, aprofundando discussões!

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No ModaSpot: Dior exibe miniaturas de vestidos icônicos em exposição na Harrods

22 de março de 2013

Vogue Brasil de março celebra a volta dos anos 1990

Escrevi, recentemente, um post no blog do CES (agora sou professor do Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora) e transcrevo abaixo. Ficou bem bacaninha, eu acho. É sobre a Vogue e sua aposta nos anos 1990. Divirta-se!

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A capa repleta de informações (abaixo) pode até não deixar muito claro, mas a mensagem primordial da edição de março de 2013 Vogue Brasil é a celebração à volta dos anos 1990. Basta folhear as primeiras páginas de conteúdo jornalístico para perceber que a vibe é acreditar no que foi moda há 20 anos. O decorativismo das temporadas passadas perde a força de vez, sendo substituído por uma experiência visual mais limpa. Tudo para indicar a volta de um minimalismo próprio da década de 1990.
Imagem: Reprodução/Vogue Brasil
O cinza — em seus muito mais de 50 tons — foi eleito o “neutro da vez”. O smoking — mesmo que desconstruído — é apelidado de “coqueluche” e toma seu lugar em produções noturnas. As t-shirts perdem estampas e bordados e deixam de ser usadas com aquela saia mais fofa. Agora, a peça é feita de materiais sofisticados e esculpida sob os preceitos da alfaiataria.

A revista aposta num minimalismo sexy, inspirado na cruzada de pernas de Sharon Stone em Instinto Selvagem. Tons neutros e cortes estratégicos foram clicados por J.R. Duran no editorial Invasão de privacidade. De novo com o mood do trabalho dos alfaiates.
Imagem: Reprodução/Vogue Brasil
Se mesmo diante de tamanho bombardeio de neutralidade ainda houver espaço para alguma profusão de estampas e sobreposições improváveis — como os mixes de padrões muito desfilados por Miroslava Duma e suas coleguinhas blogueiras russas —, a resposta está nos anos 1990: o crash printing agora é grunge. E a inspiração, por razões óbvias, a inconfundível moda lançada por Kurt Cobain à frente do Nirvana. O editorial Puro Nirvana fala por si.
Imagem: Reprodução/Vogue Brasil
A coluna de arte indica a exposição NYC 1993: Experimental Jet Set, Trash and No Star, cujo principal tema é o ano de 1993. O texto de Nô Mello ajuda a entender porque a década está de volta e com tudo: “Em geral é esse o espaço de tempo necessário para que a distância provoque alguma nostalgia.” Pode até não ser cientificamente provado — ou talvez seja —, mas na primeira década dos anos 2000, estávamos todos loucos pelos anos 1980.

Já que tudo indica, é bom dar as boas vindas aos anos 1990.